REFLEXÃO SEMANAL:

SINAIS DE OBSESSIVA INVEJA

A imprensa paulista noticiou, dias atrás, a ação de um grupo de filhotes incultos de alguns endinheirados sem ética comportamental contra colegas de escola, judeus, pichando cruzes suásticas, induzindo práticas antissemíticas no estabelecimento de ensino.

Para uma compreensão militante e combativa contra cretinices descritas acima, leituras esclarecedoras se fazem muito oportunas, uma delas editada recentemente: JUDEOFOBIA: MÁSCARA DO ANTISSEMTISMO, Rodrigo Constantino, São Paulo, LVM Editora, 2024, 264 p. O autor é economista graduado pela PUC-SP, com MBA em Finanças, autor de vários livros, inclusive o bestseller Esquerda Caviar, muito aplaudido.

Na primeira orelha do livro acima, uma observação preliminar que merece atenção:

Os judeus, por algumas características peculiares, acabam sendo os primeiros alvos de preconceitos em uma sociedade invejosa e ressentida. Mas, com certeza, não serão os únicos. … O típico pensamento tribal de ‘nós contra eles’ parece enraizado em nossa espécie, e o preconceito e a xenofobia acabam alimentando um desprezo por determinados grupos étnicos, sociais ou religiosos.

E na contracapa, os esclarecimentos adicionais que também se fazem indispensáveis:

Os eventos recentes desencadeados pelo ataque covarde do Hamas a Israel, trouxeram à tona um problema secular: o ódio aos judeus. Ao longo da história, os judeus foram perseguidos por Romanos, foram vítimas de pogroms e sofreram um dos atos mais bestiais da história humana, o extermínio em massa pela Alemanha nazista.”

Tenho uma admiração gigantesca pelo povo judeu. Possuo amizade fraternal com muitos deles, alguns até considerados por mim como amados irmãos não-uterinos, embora não nutra simpatia alguma por Benjamin Netanyahu, também um genocida. E concordo inteiramente com a reflexão do pensador H. P. Lovecraft:

O que há de mais misericordioso no mundo, creio eu, é a incapacidade humana de correlacionar tudo o que ele contém. Vivemos uma ilha de ignorância plácida em meio dos mares negros do infinito, e não deveríamos ser capazes de viajar muito longe. As ciências, cada uma delas se estendendo para suas respectivas direções, até hoje nos trouxeram poucos males, mas algum dia a associação desses conhecimentos dispersos se desdobrará em paisagens tão aterrorizantes da realidade e de nossa posição temerosa dentro dela que ou enlouqueceremos com a revelação ou fugiremos da luz letal, rumo à paz e à segurança de uma nova idade das trevas.”

Confesso que não posso imaginar com que intenção os adolescentes irracionais praticaram seus vandalismos murais. Creio que por integral incultura histórica, sendo também vítimas de uma era de pulhas as mais diferenciadas, que independem de sistemas econômicos, escolaridade e renda, raça e religião, sexo e ideologia, que iludem os ainda não devidamente apetrechados por uma educação familiar crítica, vitimados por uma educação escolar deficiente, ou por uma imbecilização digital adquirida através de interações diários com gente desqualificada ou divulgadores nazistas travestidos de boas praças.

A punição pelos atos de vandalismo praticados pelo grupo de idiotas sádicos deveria ser também aplicada aos responsáveis pelos adolescentes. A hora é chegada de se estruturar um Poder Judiciário mais atento aos males pós-modernos que mutilam mentes e corações abobados, provocando prejuízos sociais os mais diferenciados.

Que nunca nos olvidemos de uma reflexão feita por Anne Frank, uma das vítimas dos adeptos da suástica nazista: “Para nós, jovens, é duas vezes mais difícil manter nossas opiniões numa época em que os ideais são estilhaçados e destruídos, quando o pior da natureza humana predomina, quando todo mundo duvida da verdade, da justiça de Deus.”

Ampliemos a cognitividade de uma classe média brasileira que necessita se desalienar urgentemente, fortalecendo seu SCCSenso Crítico Construtivo, educando seus pimpolhos para um mundo de RI – Regeneração Integral, onde todos possam ter vida plena e abundante.


Fernando Antônio Gonçalves é pesquisador social